Escreveste-me tu um dia: "está quase a voar"..uma borboleta majestosa, pintalgada de cores que se escorrem no vento, deixando o rasto perfumado de um destino sem contratempo.
E das tuas mãos vi sair todas as cores, nas formas que o coração pincela; e dos teus olhos, os contos fantásticos de sonhos que neste mundo nunca houvera!
Sabes o quanto me alimentaram? Quantas portas abri em mim por neles entrar?
Quantas tristezas senti pelos não-amados,
quantas glórias vivi ao lado desses soldadinhos de chumbo,
pequenos "nós" abatíveis também nos contos?
E a quanta beleza me rendi,
perfilhada na Menina Polar, que surge etérea, depois da aurora boreal, para aquecer o mais gélido dos animais?
E as aventuras que saboreei, através dessa boneca fugitiva, que abandonou a casinha de madeira, para espalhar serpentinas de cores no céu?
Das tuas mãos vi poesia ser pintada, Pai.
E quero ver mais.
O jardim somos todos nós, e a borboleta traz consigo a missão da permanência, da alegria e da união.
Cuida dela, cuidas de nós.