9.5.10

lego







penso
ou julgo que penso
algumas vezes na questão da dualidade como dois pólos de uma mesma realidade. sem eles não passa a energia. desconhece-se a realidade. ou pelo menos, desconhece-se ainda mais.

não é que ande aí com um busca-pólos, de boné azul envergado, com cara de electricista mal-pago, a cometer todos os excessos e todas as privações que o mundo dispõe ao consumista da vida, num leque aparentemente quebrado de infinitas possibilidades.

por vezes imagino que caminho nesse leque, como se fosse um pequeno bonequinho dos Legos, a subir nas decisões, a descer nas contradições, com um sorriso estático, por não saber se gostar mais de estar lá em cima, ou de olhar de baixo para de onde vim.

nesta imagem o leque não abana com o tormento das emoções. Não. O bonequito é que se pode desequilibrar, já que tem os joelhos quebradiços e um amplo espaço para desbravar. O leque movimenta-se, num leve e contínuo sussurrar pela mão do universo, sempre no mesmo compasso. Ele ele lá vai descobrindo que, no seu peito de plástico, um coração ressoa a dois tempos, tal como o universo se contrai e expande, também o dele sucumbe à loucura de cada momento, mesmo que só em pensamento.

Se lhe desse a escolher ser feliz. Não escolheria.
Vegetar em verdades absolutas, prende o pulso que abana o leque e faz resvalar o tal que nele caminha.

2 comentários:

Unknown disse...

Mas que grande texto, cheio de subliminares e intensidade! Gosto de te ler... Beijos doces de uma pimenta

Susana disse...

Também gosto de te ler!