29.4.09

Tens lume?





Talvez fosse fácil perceber que as evidências são realidades absolutas,
verdades inquestionáveis que nos caem no chão,
estilhaçando tantos desvios da imaginação,
que brincam connosco como crianças de mãos dadas
à volta de uma vulgar fogueira.

Talvez fosse fácil,
se não fossemos todos perseguidos por essas crianças
que riem, cantam, e dançam com o lume da vida.

Lá-lá-lás que se tornam infernais quando uma faúlha as magoa,
E a evidência surge...
Timbrando-nos de humanos enganados, por vezes falhados,
tantas e tantas vezes desencontrados.

Quem me dera dar-lhes a mão,
deixar de ser eu a madeira que a vida consome
todos os dias,
em forma de estalidos pequeninos,
musicalidades minimalistas
de uma alma minimalista.

Quem me dera ser eu a dançar,
a provocar a imaginação,
aos soluços,
aos arrombos,
n'outrem.

Enganar?

Talvez...

Tornar a existência mais feliz,
menos nisto que nos rodeia,
projecto humano falhado
que se vê nos rostos da sociedade sem rosto,
projecto humano desesperado,
que se vê nas alternativas urgentes que se tomam,
aquando da despedida do passado alibi,
que contem todas as culpas do presente.

Pudesse ser eu a dar-lhes a mão
e não te-las visto
de rosto ferido
e peito aberto
pequenos guerreiros
que cercam a evidência de cada um
todos os dias.

26.4.09

Dancemos no mundo, meus amigos


Porque me fazes bem.
Porque és Bom.
Porque acho este video maravilhoso, dedico-o a ti, que gostas do azul a ser cruzado por bolas amarelas!

:)

25.4.09

Comprimento Máximo Permitido


Quantas palmas mede a tua alma?


Esticas, contorces, alongas…e ela cresce para além de ti? Até onde a levas?

Sentes como vibra, nesse momento de observação vazio que nos desliga de olhos abertos das imagens deste plano?


A minha parece ser do tamanho da minha idade, ao que lhe desconto anos de esquecimento. (também não te lembras deles, pois não?).


Quando é do tamanho do que sinto, tem muitos anos. É uma imperatriz de meia-idade, que vejo sentada no fundo de um salão régio não datado. No meio do amarelo da sua veste, um sorriso é esboçado. Imperceptível. Incolor.


Às vezes desloca o seu báculo num movimento circular, enchendo a alma ainda mais, insuflando-a com um espectro de sensações abruptas que a racionalidade fica a observar.
No fundo da sala, a racionalidade espreita, curiosa, o momento litúrgico da criação do sentir. A racionalidade é o bobo da corte. Olhar cortante, mãos esguias e corpo cambaleante. Faces rosadas de um alcoolismo poderoso, que aprendeu quando começou a viver segundo as leis da sociedade.


Não entra. Não pode.


Para já…


Quando irrompe, destrói o sentimento. Livre, materno, franco, ingénuo. Intoxica-o com as piadas sarcásticas, que a imperatriz ouve, no meio do amarelo da sua veste, com um sorriso esboçado. Imperceptível. Às vezes magoado.


Quantas polegadas terá a tua consciência? As mesmas que as da tua alma?


Serão 2?

Uma por cada mão com que a tentas agarrar, para compreender, acalmar, não perder.

Ou não sabes, e vais vivendo como se as duas se estendessem cada ano; ou encolhessem, não interessa, o que interessa é o dia seguinte, com a cabeça posta no anterior, que pouco significou.

Ou será do tamanho de um metro de madeira antigo, que desdobras para medir o tecido da realidade e a distância que queres manter todos de ti.


Vá, diz-me que não sei.

20.4.09

eu..enfim..

...já tinha era idade pra ter juízo! mas ouvi esta música de manhã e fiquei feliz, porque depois do meu pequeno peixe ganhar rosto, agora ganhou banda sonora (percebem a parte do juízo?)!


Também sei que devia era estar a procurar uma música para uma eventual coreografia de SwáSthya Yoga, mas acredito que se esta veio ter comigo, outras também virão...mais tarde, xim?hehehe!!


Deixo-vos o vídeo. Se eu tivesse conhecido a gaivota que me levou o Mira Céus, talvez a história pudesse terminar assim.


Nouvelle Vague - Waves







Boa semaninha para todos!

19.4.09

jogo Colour my Heart

Hoje passo só por cá para deixar uma sugestão.

Trata-se de um jogo, deliciosamente desenhado, sem pretensões, com uma música cujo autor desconheço infelizmente, mas que toca profundamente.

"Colour my heart" assim se chama. Não se morre, não há inimigos, apenas tem de se movimentar o solitário boneco com as teclas das setinhas (não sei o nome técnico :P) e, sempre que a curiosidade surgir, clicar no ambiente envolvente da plataforma respectiva. A cidade muda, accionam-se engranagens, aparecem mensagens, enfim, experimentem...com paciência! Só pela música vale a pena, acreditem!

Fica o link http://www.freegamesnews.com/en/games/2009/ColourMyHeart.php

Ah! No final, somos surpreendidos com uma frase que passo a citar:

In this monochrome world I will search the depths of the earth and the limitless of the skies for you.

:)

Bom domingo!

17.4.09

mau feitio

Hoje esqueci-me do livro em casa, de forma que a minha manhã começou com o habitual café no "Torreão", acompanhado com a revista da casa que, aliás, desfolho várias vezes quando não tenho mais nada em que pensar.


Abri a revista à sorte, com a certeza que não estava a passar à frente nada de interessante, (porque aliás, nunca há nada de interessante a ler na "Caras") e, por coincidência irónica, acerto outra vez num anúncio de lipoaspiração, que me deixa imediatamente rezingona, duas páginas à frente, num anúncio Slim que faz passar do XXL para o S (cautela que os efeitos são proporcionais a nível cerebral) e, já um pouquinho farta de ver rabos, barrigas e mamas, eis que olho para a televisão do café e vejo uma senhora vestida de branco, a sugar com um tubo de ensaio gigante, um líquido amarelo que nos explica ser a gordura retirada....de uma SALADA!!!!

As saladas são lixadas, pah, - pensei eu - comam francesinhas, à fartazana, meus meninos, de preferência daquelas bem tonificadas, com botox, aspiradas até ter de se mudar o saco, e bem cobertinhas com a maravilhosa e derretida base, à qual vão ficar "coladões" para o resto da vida!

O café soube bem.

Saio, enrolo o meu desprezo pelo ponto a que se está levar a futilidade em forma de cigarro e, eis que um maltrapilho comenta: Isso é paiva! - sim, meu caro, de facto eu tenho mesmo ar de quem fuma um antes de ir pro trabalho, e enfrentar a alfândega, armadores, clientes, APDL e, pior, os objectivos de produtividade.
Às vezes imagino que o Sr Paiva deve ter sido um drogado memorável, alguém que honrosamente desafiou as autoridades do mundo inteiro, a cruzar os céus num charro gigante, carregado de sementes; e que agora, é recordado assim: num tubo cilindrico de papel de arroz, tenha lá dentro o que tiver.


O dia passa. De passagem pelo bairro tiro uma foto que não sei bem para que vai servir.


Chega-se a casa e a porra da tv está ligada. Ouve-se "Charles Smith chama corrupto a José Socrates numa gravação que a TVI vai divulgar"

Corrupto? Por quem sois! Então o eloquente diplomado pela Universidade Dependente (dos lobbies, da favores políticos) poderá ser alvo de tamanha calúnia?!


Um Senhor que apoia agora a recandidatura de um oponente ideológico às eleições europeias que, ninguém se lembra, mas abandonou o país a meio do mandato, e agora mais parece um peixe-balão a chafurdar num mar de regalias, enquanto cumpre o seu papel de marioneta muito bem; vulgo: "fazer pouco é a rara excepção a fazer nenhum". Nahhh. Não me acredito.


A minha alma estarreceu e, como eu acho que vivemos numa sociedade muito equilibrada, sem preconceitos, que tem em vista o harmonioso desenvolvimento do ser como um todo (e não como um rabo!), decidi fazer uma pesquisa na internet sobre sócrates + escandalos filtrada na oppção "Páginas de Portugal" eis o resultado: Resultados 1 - 10 de cerca de 18.500 para escandalo josé sócrates. (0,30 segundos)


O Google é rápido a cortar a respiração.


Os portugueses é que são lentos a cortar as vazas a esta classe política (TODA), sem dinamismo, garra, criatividade e respeito pelo país que EXISTE, mas que eles acham melhor que subsista, como um mendigo mal-nutrido que se arrasta numa conjuntura que só acha que é nossa, quem lhes baixa os braços. E os portugueses coitados, desorientados com tanta porcaria que passa na TV, amedrontados pela crise, até perdem a noção que já tivemos provas mais que suficientes para mandar este governo abaixo e colocar na justiça muito dos que fazem parte dele.


Idealista. Eu sei. Mas tenho o futuro boicotado e acredito-me que se contam pelos dedos os jovens que conseguem ter um emprego decente, casa própria, carro (se isso for importante), filhos e uma vida descansada! Isto, note-se, sem se ter nascido numa família abastada, ou sem se ter tido uma "mãozinha" na carreira.


Depois percebi o porquê da foto. Somos todos egoístas e comodistas. Uns mais que outros. E isso está no meio de nós, a minar o chão como ervas daninhas, que nos habituamos a pisar como se fosse relva acabadinha de lavar.


O Primeiro que se sente.


16.4.09

árvore grisalha




Tem dias que a paz é um paraíso perdido em mim
murmúrio visual humedecido
das lágrimas que bordam os meus olhos
manta colossal que nunca vou usar.

Cliché do crochet da existência:
tantas podem ser as malhas perdidas...

Tem dias que a vejo assim tão distante
mas tão serena
tão em mim
deliciosamente definida
tecida
com o requinte do melhor sentido
que os dias sem sentido lhe dão.

Tem dias
que a paz é parte ausente de mim
são dias em que não existo
subsisto na realidade onde caí
e persisto.

São dias em que me sulco e revolvo toda a terra do meu peito
com as vozes
com as mãos
à procura desse murmúrio inicial
tão curto
sibilante
que ouvi quando surda para o mundo
e que agora nem aqui
nem lado nenhum
reecontro.

São dias sem norte.

Desnorte de mim
No entanto, estando.

Longe dos sonhos,
No entanto, por eles consumida.

São dias sem nada


com a paciência do tempo.

15.4.09

Foi pena...

.

.

...mas já é passado!



(valeu pelo arco-íris!)
;)


12.4.09

Para mais tarde recordar, berum!



Dizem que a Páscoa é tempo de liberdade, de renascimento, de energia.
É curioso que, nesta época, aconteceram-me sempre situações marcantes: mudanças radicais de rumo, rompimentos dolorosos, decisões corajosas tomadas pelo pulso da imaturidade, enfim... Páscoa para mim já vem com a questão "o que é que me vai acontecer agora?!" - :) há quem a coloque na passagem de ano, é verdade...
Acontece, porém, que não sou católica praticante, expressão que aliás não gosto muito de utilizar, uma vez que a considero politicamente correcta, o que me irrita. Como católica, apenas cumpro as festividades, que respeito, e são do meu agrado, pelo facto de juntar a família mais chegada.

Mas esta Páscoa foi a mais doce de sempre! E tenho de registar aqui, porque sim, senti-me no céu!


Com a família a envelhecer, e os Natais, outrora tão mágicos, a tornarem-se menos coloridos; tive a fabulosa notícia que vou ter um/a priminho/a!
E fiquei tão feliz que quase chorei, fiquei tão feliz que não coube em mim essa dádiva miraculosa que por momentos deu sentido à minha vida.

SIM! QUERO-TE VER CRESCER!
Estejas lá onde estiveres, em Aveiro, no Porto, em Gondomar, vou-te mimar como uma prima de primeiríssimo grau (e não segundo como é o caso, humpf!)


Hoje estou feliz e vou dormir tão bem! :)


Espero que tenham tido uma óptima Páscoa!


Beijinhos doces para todos (um especial para ti!)

11.4.09

(imbuída pelo espírito da época)

Este é para um ou dois...






A mulher saiu da costela do homem e não dos pés para ser pisada, nem da cabeça para ser superior; mas sim do lado para ser igual, debaixo do braço para ser protegida, junto do peito para ser amada".

(autor desconhecido)


(hihihhihihihi)

10.4.09

(ao som de Loving Wings e inspirada pela letra..)

Foto de Eithra - www.olhares.com

Há corações com ossos sim.

Sério.

E nota-se no olhar quem os tem.

Olhos tímidos e fugidios, escondem corações com ossos; ossos que formam pernas; pernas que procuram a diferença nos caminhos, até o atrito do chão as desgastar e as devolver, numa dor insuportável, de novo, à estalagem do peito, na esperança da porta lhes ser aberta.


Claro que esta se abre, recolhendo o errante viajante que volta sempre sozinho, mas mais sapiente; às vezes mais ausente de si próprio, perdido nas paisagens que viu e sentiu.

Traz consigo um sopro, sibilante, gancho de todas as recordações, que o fazem sorrir ou chorar, depende de como as acomoda.

Olhos grandes e cansados escondem corações com braços.

Braços ternos e amigos que são uma extensão da alma pura; e acolhem tudo e todos, porque sabem tão bem do Nada que pode existir, da indiferença, do anonimato que nos rodeia - essa solidão partilhada no Olá que se devolve.

São corações destemidos, que ignoram os perigos de abraçar sem serem abraçados, porque reconhecem que mesmo assim ficam mais ricos.
(às vezes eu descubro que só lhes falta abraçarem-se a si próprios e, digo-lhes num sussurro, o que aprendi com o Manuel Cruz "que o amor é uma doença quando nele vemos a própria cura" - ficam furiosos, furiosos, e dizem-me que eu é que não tenho coração...talvez aí tenham razão).

Depois há olhares quietos e malandros, de várias cores, donos de corações com tronco e bacia ondulantes, que dançam a melodia da sensualidade, desafiando o poder da atracção num jogo que já sabem estar ganho.

São olhares penetrantes, fixos em si, apesar de mirarem outra pessoa qualquer.

São olhares confiantes que hipnotizam com calma, enquanto na pupila do olho, um coração bailarino dança viril o caos dos sentidos.

São olhares que cheiram a um desejo púrpura, mas brincam ao laranja, e às vezes largam-nos no vazio do branco .
(-"foge, foge,"- estes acham-me uma miúda estranha e muito preconceituosa!!)

Depois há os que têm os olhos fechados.

Esses, escondem no lado esquerdo, teias de ossos emaranhados, que sentem mas que estão presos, enferrujados, calcificados, num passado que já não devia assombrar.

Guardam diálogos imaginários que o coração verte, às vezes do peito para os olhos, às vezes do peito para a mão que cala.

São corações que o tempo há-de desossar com a ternura da amizade e a crença na felicidade.
(acredita, acredita...e sorri!)

4.4.09

Loving Wings


(Adoro esta música, todas aliás, adoro este homem..ultrapassa-me...humpf!)







Deixo-vos a letra, uma relíquia:

My heart was made of broken bones
My Soul’s a bag of stick and stone
And out along this dusty road
You have come my love to take me home

I give to you my everything
You’ve given me these loving wings
And angels have all gathered round
to hear me sing my love out loud (oh...)

You lightly lifted me away
Out of a darkness, cold and gray
And I work beneath the midday sun
My cool blue water you have come

I give to you my everything
You’ve given me these loving wings
And angels have all gathered round
to hear me sing my love out loud (oh...)

So take your place here next to me
And I'll take my place there next to thee
And no matter how far we may roam
Its by your side I make my home

I give to you my everything
You’ve given me these loving wings
And angels have all gathered round
to hear me sing my love out loud

Impressão digital da alma




Há sonhos que se prolongam nos dias, e dias que se prologam nos sonhos, numa simbiose quase perfeita, dança harmónica de ondas, que sem se tocar, respiram-se, aproximam-se, ondulantes, reconhecendo o halo do outro, a consistência, a matéria e a não-matéria, frente a frente, dialéctica ondulante, ondulante.

Há sonhos que se prolongam nos dias, e nos elevam muito acima da raiz do presente, essa garra terrena que muitos não ousam largar, o mecanicismo e o objectivismo social.

Há sonhos que se estendem como mantas rendilhadas,
tecidas por mãos gretadas,
cuja sabedoria o tempo já descozeu em lassas cada vez maiores,
numa amplitude universal, criando esse subsconsciente colectivo,
que nos alimenta,
hipnotisa,
une e orienta, tão fundo,
capaz de criar vácuo, tão fundo,
capaz de escarpar a maior dor.

Há dias embriagados por pensamentos que se cruzam na via rápida da imaginação, e manipulam uma outra consciência em nós, nos paralelismos que conseguimos ser e parecer, multiplicidade humana no momento singular.

E às vezes, passa tanto tempo, que a vida faz-se e dá-se-nos, enquanto de olhos cegos passeamos à margem, perdidos,
julgando-nos achados,
nesse estado de clausura sensual que se verte em nós muito melhor que o real,
mão paterna que se forma cá dentro e apazigua,
toca protectora,
peito imaginário,
do sonho que não se cumpre
mas renasce com o sol,
tão mais forte e tão mais novo,
que esquecemos de o tentar realizar,
porque vive em nós
desde sempre
como impressão digital da alma.


(não, este não rima....porreta!) :(