15.12.11

Beijinho




Há pessoas controversas.
Pessoas das quais toda a vida se fala, com as quais toda a vida se fala. Um ponto aqui, uma nota acolá..uma pauta preenchida de grandes silêncios, silêncios que a vida encontra para se construir na ausência do teu som.
Passam-se meses a saber as notícias por outrem, passam-se anos a dar as notícias por outrem.


Notas mais graves arrancam um telefonema, mais agudas, preocupação.


E assim a partitura vai-se reinventado, entoando a nossa interacção. Ora longa e quase siamesa, estendendo-se numa conversa infinita de pormenores e projectos, de conselhos e orientações, que a vida foi tratando de destruir, porque o mundo foi tratando de a surpreender. Ora breve e conflituosa, porque dura, directa e amarga.


Creio que foste a primeira pessoa controversa na minha vida. A primeira com quem discuti. A primeira com quem gostei de discutir. Fina inteligência tinhas tu. Adolescente respingona era eu.


Cheias foram essas as primeiras páginas da nossa partitura.


O depois trouxe os entretantos e, numa cadência mais suave, aprendi a importância do passado. Nas fotos, nas recordações. tudo geometricamente guardado, tudo cronologicamente exposto aos meus olhos. As origens e os porquês. O Avô e, olha, que família tão grande, os automóveis antigos e, vê, aqui a Manela.


Obrigada.


Mas o cuco foi soando à hora certa e deixei de aparecer. Caminhei sempre com o descanso de ter quem rezasse por mim. Era bom. Podia ser que se Deus existisse, ele soubesse notícias minhas por ti, assim como eu ia sabendo tuas por intermédio de alguém. Não era a mesma coisa, mas nem sempre a verdade é boa.


Ontem a melodia terminou e hoje feriu-me os olhos com o som das pás e o silêncio da minha boca que não sabe rezar, mas sabe sentir.


A tua alma a Jesus.
Em paz.

13.10.11

WORLD WIDE PROTEST





" O protesto internacional de 15 de outubro, em Espanha, terá a adesão do Porto. O grupo de pessoas a trabalhar na organização do protesto convida a que todos participem na divulgação e organização do mesmo, e tragam as vossas ideias e revindicações para o espaço público, sob a forma de cartazes ou textos escritos - este protesto também é teu. faz ouvir a tua voz. dia 15, às 15h, na praça da Batalha. "


Vejam: http://15out-porto.blogspot.com



10.10.11

ratos e ricos





Se dos meus olhos se materializasse o que vejo, penderiam sob as vossas cabeças balanças de um dourado falso, assim como são as palavras que apregoam quando manipulam e destroem, aos poucos, os talentos que governam.

De um lado, pousaria a vossa humanidade. Aquela breve recordação de infância, onde pulam bolas, ou brincam bonecas vestidas de ricos tecidos por pais agora desaparecidos.
A vossa humanidade cheia de humidade.
Bolor instalada pela riqueza, pelo facilitismo, pela corrupção, pela desistência de um sonho Maior, Digno, Humano, COERENTE.

É curioso observar como coerente é parecido com corrente.
O português é a língua mais filosófica que há, de facto.
Por isso somos um povo desmembrado, porque não há coerência no dito governo mundial. Esse punhado de gente que não é mundialmente aceite, mas detentora do petróleo, "em breve" das energias renováveis, da droga, do tráfico de pessoas, de armas, de órgãos, de sangue, tudo isto lavado depois no grande tanque das ONG's e organizações de ajuda que recebem quantias de dadores anónimos, que compram o céu enquanto fomentam o inferno.

Do outro lado pousaria o esquema. O esquema mental das vossas cabeças, labirinto aberto sobre a mesa onde janto. Uma ratazana caiu-me lá dentro. Desculpem, deitaram-me para a lama por falar demais, e ás vezes estes bichinhos vestem-se-me a roupa...
Nesse labirinto ela passeia, procura o recheio delicioso das ideias que vos estimulam. E caminhando vai comendo o egoísmo, a traição, o abuso, o egocentrismo, a declarada exploração, a vossa loucura levada ao extremo do irracional; residente em todos os recantos dessa falta de humanismo que a ambição obriga.
E a ratazana engorda.
Engorda.

E dos meus olhos saem facas nesse prato.

Um dias as facas tombarão sobre as vossas cabeças.


11.6.11

trinta aninhos..ah pois é!




Há um tempo para tudo.

Para se Ser na convulsão da adolescência, esse vulcão agriolhoado pela sociedade. Com espaços em branco, plenos de nós, com irmãos que também boiam nesse grande mar da vida, sentados em cadeiras insufláveis, juntas pelo abraço da Amizade que se julga e se promete ser eterna.

São cadeiras azuis, laranja, verdes, que boiam, rodopiam, e os pés tocam-se, as mãos puxam-se, e as gragalhadas ecoam, no deserto de uma praia que eles julgam estar tão longe de tudo.

A cidade só está por detrás da próxima duna.
Mas não interessa.
O tempo é a linha do infinito e eles nem a olham.
Não lhes passa, preferem sentir o vibrar da energia do mar, mão de vida que os leva e embala conversas que jorram um secretismo idílico, um risinho tímido, um olhar seguro na insegurança da idade.

Há um tempo para todo o resto que vem depois e se atropela.
Se aborta e se contem, ja não se conta, mas marca.
Conta o tempo.
Essa linha que já sabemos ter algo depois, mas ainda adivinhamos nas conversas que temos connosco próprios e o Universo escuta.

Há um tempo para lutar, para planear, para reorganizar tudo de novo e atirar com as ideias para o chão.
As fotos misturam-se, os conselhos começam a fazer sentido, as pessoas querem-se novamente.
e querem-se, querem-se, querem-se, todas juntas, num abraço igual, pleno de amor e profundamente sentido.

Obrigada a todos os que se lembraram.

Deixo-vos a frase que o meu amor me ensinou e com quem espero brindar muitos mais trintas:

"Toda a alegria que existe neste mundo
Vem do nosso desejo de que os outros sejam felizes.
Todo o sofrimento que existe neste mundo,
Vem do meu desejo de ser feliz"


Shantideva

10.5.11

What the Finns need to know about Portugal.

Ora...com licença

ou / or


Excuse me, ladies and gentlemen...







7.3.11

Para um mundo com sentido(s)



V E J A M

P E S Q U I S E M

M U D E M

http://www.zeitgeistportugal.org/








SOLUÇÕES











E, só mais isto, um pensamento chamado A LIBERDADE de Bill Hicks
(in "EU SOU EU, EU SOU LIVRE", de David Icke)

"Toda a matéria é apenas energia condensada num vibração lenta.
Somos todos um consciência a experimentar-se subjectivamente.
Morte é coisa que não existe.
A vida é apenas um sonho.
E somos todos imaginação de nós próprios"

Imaginem-se no Uno...
Actuem sem deixar de o fitar.
Concretizem a vossa Essência, 
Expressão máxima da beleza da vossa Imaginação.


Dia 12 de Março, bora lá. mesmo que não dê em nada.


beijos e abraços




16.2.11

paranoia










Saí de casa com a noção que uma parte de mim cumpria o seu designio e voltei com a sensação que a liberdade é sempre a melhor escolha, e a solidão uma forma de crescimento invulgar, que me corre nas veias, sem rótulos, religiões, partidos ou marcas.

É triste amar tanta gente e não se poder mudar as suas vidas verdadeiramente.

Sou um corpo cheio de cicatrizes, visíveis debaixo da pele, e por vezes gosto de a esticar para perceber que parte de mim viveu no limite da exposição, do desafio, do cansaço, do desespero de pertencer à geração dos amarrados; e outra parte, reveste-me neste ser simpático-apático, que não revolta nem critica, mas odeia, e odiando vai passando o creme hidratante da comiseração, da pachorra que ja não é tolerância, da educação que já não é espontânea, mas é a necessária.

Se pudesse chamar Deus à Terra dava-lhe com o livro de reclamações nas trombas e cem euros para viver durante um mês. Depois pedia-lhe desculpa e ia para o céu na mesma, porque o gajo só pode ser completamente imbecil para desculpar toda a gente.

Eu não me desculpo a mim, muito menos dos meus vícios, mas confesso que gosto de libertar-me neles, para poder abri as asas deste insecto horroroso que vive em mim, como na Metamorfose de Kafka.

Ser o horrível faz parte do ser belo. Mas é preciso saber-se sê-lo, porque discordo do egocentrismo egoísta, arrogante e irresponsável.

Por isso, não vou vender a minha alma a esses cabrões corruptos que só existem porque se lambuzam na gigante esfera chamada Terra e, com  sua língua ácida, queimam terras, poluem rios, e aparecem de noite, com o saco do buraco negro para saquear os sonhos de todos os entorpecidos, adormecidos, robotizados, mas socialmente reconhecidos como funcionários "normais", "controláveis" e "rentáveis".

Engulam as televisões, vistam-se com a merda cara que é feita no mesmo sitio que a barata, e trabalhem muito porque realmente a "Família" merece.

Sou do mundo e para ele volto sempre. Mas sempre depois de tudo e de todos.

Depois do cumprido, depois do ouvido, depois do hipocritamente aceite, depois do engolido a seco e cuspido no chão dos teus pés engraxados pela sorte que tiveste.

Depois de tudo e de todos, encontro-me outra vez, sem ninguém e sem nada.

Mas para voltar há que acreditar e para acreditar há que ser louco, rir e mudar.
Nem que seja uma pessoa de cada vez.
A começar por nós.

7.2.11

.




Mother and Child - Gustav Klimt



Foi o momento que p e r d e s t e
porque adormecida pelo passado
mas na parcialidade dessa pessoa
sem saber viveste.








(é amiguinhos, continuo muda da alma mas, "começar o ano" com 4 frases já não é mau!)