10.5.09

Olhar(es) no Kama Shuddhi

Ficam aqui as recordações de um exercício que mexeu comigo no Curso de Reprogramação Emocional, que tive o privilégio de assistir na Unidade das Antas. Ao som das palavas proferidas pelo Prof. Luís Lopes, caminhamos erroneamente na sala, até ao ponto de parar para comunicar apenas pelo olhar, vivenciando de forma única e singular a presença da pessoa diante de nós. No silêncio dos momentos há mensagens mais fortes que as palavras alguma vez poderão proferir.
Eu ousei escreve-las (ao som desta música que tocou umas 10 vezes!, só para mais tarde recordar.















Agora como antes.
Revejo cada olhar. Alto relevo de almas que descolaram da minha carne a mesma configuração dessa verdadeira forma de arte.
Revejo cada olhar como um diálogo energético, silencioso, transcendente.


Vi uma gerreira desfazer-se. Olhar jovem, doce, profundo, mas num ponto desamparado. Usava um corpo forte e destemido que me enfretou desarmada. Percebeu que a vi sem nada. Só ser. Mulher! E perdeu-se no meu mundo, deitou-se, esqueceu-se, esvaiu-se. Tranquei as mãos, quis segurá-la. Tanto! Erguê-la no seu cavalo com asas e deixá-la ser Rainha, no seu reino interior.


Depois, tropecei num olhar estreio; olhar pela vida refeito - não sei quantas vezes -mas firme e sapiente, que me agarrou para não cair. Olhar mais velho, mas matreiro, num rosto de menina-mulher feliz quando a deixam brincar com a vida.


Por fim caí. Num rosto dulcíssimo, moreno, pequeno, de íris sorridente, íris que se preocupa, íris amiga e atenta, uma íris que sussurrou: "diz". E os meus olhos contaram-lhe (em forma de água e cloreto de sódio) os trambolhões que, apesar de pé, eu estava a dar. E a empatia semi-cerrou-lhe as pálpebras, num "deixa estar" apaziguador, como quem abre a porta de sua casa e convida: "anda, está à vontade".


Nas covas do seu sorriso, escalei-me com pés de barro, e consciente da minha inconsistência, parti para novo reencontro.


Foi então que vi uma fada-menina, delicadamente esculpida em cristal. Trazia um rosto perfeito, moreno, rasgado por dois grandes olhos castanhos, silenciosos mas penetrantes, atentos mas cautelosos.


Este era olhar equilibrado, de quem procura a perfeição, numa sintonia só sua, como quem não quer revelar a pureza que já todos descobriram. Nos seus gestos, nos seus cabelos, no seu fitar. De tal forma que receiei sujá-los, mas tão ingénuos que temi um dia vê-los tombados.


Quarta e última pessoa.
Um amigo. Alguém que admiro. Trajava um peito luminoso, aberto para a alegria, acompanhados por dois braços grandes; tão grande que davam para agarrar o mundo. Alguém que pensa na totalidade, e revolta-se com a complexidade do que é simples na sua autêntica maneira de ver. Então fitei, num formato singular, o que me pareceu ser um verde-seco matizado. Tinha um olhar angular, persistente mas nem sempre! E senti paz, uma paz segura pelos dois, que não se queria quebrada..por medo?..chorar é constrangedor...E engoliu a seco, e os meus pés de barro forçaram a permanência. Depois..
Depois um sorriso, um entendimento de iguais.
Uma aceitação.
Um abraço.
Duas lágrimas de satisfação!

4 comentários:

Unknown disse...

Deve ter sido um curso inesquecível... Gostava te ter lá estado contigo... Adorei a descrição que conseguiste trazer para o texto de todos aqueles que tal como tu, se dispuseram a vivênciar uma alquimia de emoções, sentimentos e sensações.
Gosto de ti porque sim

Marta Pessanha disse...

Linda, sabes que não sou muito de escrever mas deixo aqui o meu beijinho carinhoso por este texto que me emocionou! muuuaaa

Unknown disse...

...
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.FERNANDO PESSOA
É por estas palavras que busco o auto-conhecimento a chave a existência pois não quero usar uma máscara que me esconde e passar por quem não sou estar onde não. Quero!! ser livre, voar nas asas percepção, do passaro da liberdade que voa pela eternidade.
Beijinhos :)

nandokas disse...

Olá,
Já aqui vim duas ou três vezes com o propósito de deixar o meu comentário neste post, mas a forma bonita como descreves e a beleza das tuas palavras trouxeram-me à superfície as emoções que tomaram conta de mim durante a parte do curso a que te referes no texto [e que também tive o prazer de frequentar]. E, quando é assim, por vezes prefiro voltar mais tarde...
Hoje, creio que, finalmente, vou
conseguir.
Gosto imenso deste teu texto [e da música que o acompanha]. Quase que poderia dizer que faço minhas as tuas palavras, tal a parecença das das imagens recolhidas nos olhares de quem me calhou nas paragens do caminhar "ao calhas" pela sala. Foram momentos enriquecedores! Com as imagens projectadas no écran, a música e as palavras do ministrante do curoso a induzir-nos a sermos nós próprios perante os outros, também iguais a nós.
Foibelo! E tu consegues transmitir essa beleza neste texto.
Parabéns, Ana!
Beijo