8.11.09

deriva(ções)


Não sei onde deixei a Palavra...

Talvez me tivesse caído,

Pelo tubo de ensaio da vida,

E agora encontra-se exposta,

Nesse laboratório da existência,

Onde amplificamos o ridículo,

E minimizamos a essência.


É cansativo procurar o que somos

Quando já o somos nessa busca,

E insistentemente ignoramos,

O resultado óbvio

Dessa incursão,

Que se mostra nulo na maior das gargalhadas,

Deste egocentrismo que nos inculcaram,

Quando o movimento é muito maior,

Porque está em todos,

E todos ao longo da vida,

partem os espelhos,

Da moral e da razão.


Não sei onde deixei a Palavra

O que me define.


Talvez se tivesse escapado no desastre de emoções,

Que vou tendo a cada passo,

Despassado de soluções


Talvez tivesse caído

Quando me julgaram

Ou escorrido

Quando chorei.


E agora o momento é tudo.

Até o mais entediante,

O mais solitário,

O mais desconcertante.


O momento define.

Previne,

Castiga,

Repele,

Dá-me ordem,

Para ser o que estou a ser na desordem,

Sem saber o que vai ser o amanhã,

Porque o ontem já passou

e também foi cansativo

E o hoje é o que se vê….

.

.

.

Barco à deriva

Vai

Não pares

E não me perguntes porquê.

3 comentários:

Luís Filipe C.T.Coutinho disse...

A palavra por vezes perde-se em bolso alheio junta ao isqueiro emprestado que desaparece nos momentos mais inconvinientes, tais como quando só nos apetece fumar os nossos pensamentos até que estes se tornem uma cinza dispersa e sem forma...

beijos

Silvino machado disse...

e que a maré nos leve a bom porto... pois não sei para onde remo, nem se remo, nem se lá vou chegar...
beijo e boas marés para ti tb!

Apre disse...

A palavra ficou aqui expressa, repleta de talento, mesmo à deriva!