30.3.09

Poema sem dedicatória

Quem me dera ser
O total conteúdo das tuas palavras doces,
E transformar-me constantemente
Nos sinónimos esforçados que usas
Para explicar a tua noção de amor.

Quem me dera ser
Na frase mais completa de emoção
O sujeito autêntico
O verbo magnânime
O pronome pessoal perene
E o modo de todos os passados.

Quem me dera ser
Um só som
que a tua boca verte.

Gargalhada
Insulto
Grito ou Desejo
Que fica suspenso na acústica do momento.

Quem me dera ser
Criação tua
Inteiramente tua,
Sinónimo de tudo o que conheces,
Hipérbole repetida
Na descrição fantástica da maior mentira,
E manter-me sempre volátil
No diário que a tua voz não consente
Quando conjuga a própria vida!

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