
Magritte
(Para a Margarida, o Hugo e o Rafael)
"Um dia vais perceber que a humanidade é toda a mesma coisa, e o que distingue uns dos outros é a coragem e o medo.
Um dia vais perceber que os cabelos não têm cor, e que as peles são todas macias quando se tocam com prazer.
Até lá vais pensar que não.
Que há pessoas diferentes, que os teus são os melhores, que há tesouros e gentes iluminadas. Pessoas mais simpáticas, olhares arrogantes, bocas que rejeitam, peles encrespadas, costas com asas.
Sim, há dias que apetece desistir. O meu quarto também não tem ninguém.
Mas, sabes, nem por isso deixa de estar povoado, por quem aqui passou, sentou e conversou.
Nem por isso deixa de me abraçar com as suas histórias, cada vez que vejo as cadeiras vazias, e os cinzeiros só com as minhas beatas.
Descobrir as pessoas é descobrirmos-nos a nós próprios. Até quando não nos portamos lá muito bem e dizemos o errado só para fazer rir. Ou quando travamos o abraço, com vergonha de sentir.
Não tenhas vergonha de sentir, porque é a melhor forma de aprender, e de perceber que a felicidade tem tantos caminhos, como o mundo tem de pessoas.
Que experimentem todos.
É o que desejo."
1 comentário:
Lindo!
Enviar um comentário