25.4.09

Comprimento Máximo Permitido


Quantas palmas mede a tua alma?


Esticas, contorces, alongas…e ela cresce para além de ti? Até onde a levas?

Sentes como vibra, nesse momento de observação vazio que nos desliga de olhos abertos das imagens deste plano?


A minha parece ser do tamanho da minha idade, ao que lhe desconto anos de esquecimento. (também não te lembras deles, pois não?).


Quando é do tamanho do que sinto, tem muitos anos. É uma imperatriz de meia-idade, que vejo sentada no fundo de um salão régio não datado. No meio do amarelo da sua veste, um sorriso é esboçado. Imperceptível. Incolor.


Às vezes desloca o seu báculo num movimento circular, enchendo a alma ainda mais, insuflando-a com um espectro de sensações abruptas que a racionalidade fica a observar.
No fundo da sala, a racionalidade espreita, curiosa, o momento litúrgico da criação do sentir. A racionalidade é o bobo da corte. Olhar cortante, mãos esguias e corpo cambaleante. Faces rosadas de um alcoolismo poderoso, que aprendeu quando começou a viver segundo as leis da sociedade.


Não entra. Não pode.


Para já…


Quando irrompe, destrói o sentimento. Livre, materno, franco, ingénuo. Intoxica-o com as piadas sarcásticas, que a imperatriz ouve, no meio do amarelo da sua veste, com um sorriso esboçado. Imperceptível. Às vezes magoado.


Quantas polegadas terá a tua consciência? As mesmas que as da tua alma?


Serão 2?

Uma por cada mão com que a tentas agarrar, para compreender, acalmar, não perder.

Ou não sabes, e vais vivendo como se as duas se estendessem cada ano; ou encolhessem, não interessa, o que interessa é o dia seguinte, com a cabeça posta no anterior, que pouco significou.

Ou será do tamanho de um metro de madeira antigo, que desdobras para medir o tecido da realidade e a distância que queres manter todos de ti.


Vá, diz-me que não sei.

1 comentário:

Unknown disse...

A minha mão é enorme, e alimenta-se também de sensações, aprende com elas e transforma-se.. Gostei muito deste poema, e da forma como te expressas. Logo queres vir ao BFlat? Observar a minha interpretação de swásthya ao som de blues... Beijos