29.4.09

Tens lume?





Talvez fosse fácil perceber que as evidências são realidades absolutas,
verdades inquestionáveis que nos caem no chão,
estilhaçando tantos desvios da imaginação,
que brincam connosco como crianças de mãos dadas
à volta de uma vulgar fogueira.

Talvez fosse fácil,
se não fossemos todos perseguidos por essas crianças
que riem, cantam, e dançam com o lume da vida.

Lá-lá-lás que se tornam infernais quando uma faúlha as magoa,
E a evidência surge...
Timbrando-nos de humanos enganados, por vezes falhados,
tantas e tantas vezes desencontrados.

Quem me dera dar-lhes a mão,
deixar de ser eu a madeira que a vida consome
todos os dias,
em forma de estalidos pequeninos,
musicalidades minimalistas
de uma alma minimalista.

Quem me dera ser eu a dançar,
a provocar a imaginação,
aos soluços,
aos arrombos,
n'outrem.

Enganar?

Talvez...

Tornar a existência mais feliz,
menos nisto que nos rodeia,
projecto humano falhado
que se vê nos rostos da sociedade sem rosto,
projecto humano desesperado,
que se vê nas alternativas urgentes que se tomam,
aquando da despedida do passado alibi,
que contem todas as culpas do presente.

Pudesse ser eu a dar-lhes a mão
e não te-las visto
de rosto ferido
e peito aberto
pequenos guerreiros
que cercam a evidência de cada um
todos os dias.

2 comentários:

nandokas disse...

Olá,
Li estas tuas palavras e, confesso, fiquei algo apreensivo, porque enredei-me nelas a tentar encontrar o seu sentido. Mas ainda não sei se o consegui!
E do vídeo, que dizer? E da música que embala e tranquiliza o sonho, que dizer também?. Gosto muito!
Se tenho lume? Não sei, talvez...!
Mas sei que aqui te deixo a minha mão cheia de beijos e sorrisos para ti.

Ana Cláudia Alves disse...

É normal porque sei que não me exprimi bem. É uma imagem percebes, é difícil descreve-la, como se existissem crianças à nossa volta (metaforicamente falando) que simbolizam o poder do sonho e da imaginaçao, enquanto que no centro existe a fogueira (que simboliza a própria vida) que vai consumindo a madeira (cada um de nós). às vezes essa dessa fogueira sai uma faúlha que magoa essas crianças. Simboliza a evidência, a tomada de consciência ou o "aterrar", se assim quiseres. Que às vezes pode ser bom, outras mau. Aconteceu-me muito quando era adolescente. Sentir-me aterrada por concluir que determinada siutação não era bem como eu a via. Claro, agora vai-se crescendo e os encontrões que a vida nos vai dando já encontram um amortecedor que ganhamos com a experiência.
Mas é mais ou menos isto que queria passar. Bjinhos